Política e terreiro

Conforme as eleições se aproximam – como era de se esperar – a internet se incendeia de opiniões X ou Y. Neste sentido, não tardam a surgir militâncias de um lado e de outro e, como acontece em todas as paixões, tais pessoas tentam convencer o maior número possível de eleitores que suas visões de mundo são as corretas.

Recentemente, acompanhei um canal umbandista que dizia mais ou menos assim: você tem que se posicionar, você tem que ir para as ruas, tem que mostrar sua opinião política... Ao que eu conclui - de forma diversa -, que na verdade, ninguém tem que nada.

Toda vez que surge um discurso assim na internet em que aparece alguém dizendo como os outros devem ser ou se comportar politicamente, eu sempre fico com o pé atrás, porque parto do princípio que nós todos podemos fazer o que quisermos de acordo com a nossa própria consciência e convicção.

Por esta razão, sou da opinião de que o terreiro precisa ser neutro em matéria política, pois dentro dele, as pessoas se reúnem por conta da religião e não em razão de suas preferências políticas. Dentro de um terreiro, liberais, conservadores, socialistas, democratas, anarquistas e apolíticos podem muito bem se relacionar em harmonia, afinal, o que os une é a religião e não as doutrinas políticas.

Assim, os umbandistas podem ser de direita, centro, centro-direita, centro-esquerda, esquerda, etc. Não existe – e creio que nunca existiu – uma visão política que seja abrangente o suficiente para dar conta da variabilidade de preferências políticas dentro de uma religião.

Porém, fora do terreiro, em suas redes sociais, na rua, com amigos, familiares, todos são livres para manifestarem suas opiniões; contudo, do portão do terreiro para dentro, a política precisa ficar do lado de fora, a fim de que os trabalhos religiosos não sejam prejudicados com visões apaixonadas de um lado ou de outro.

Leonardo Montes