Lei do Retorno

Lei do Retorno, Lei de Causa e Efeito, entre outros, é o nome de uma Lei Universal, aplicável a todos os seres pensantes e que, quando compreendia, leva o ser humano a mudança de postura e a uma nova visão sobre a vida, sobre si mesmo e sobre o universo.

O que é?

Lei do Retorno é o nome através da qual este princípio universal é conhecido no universo da Umbanda. No Espiritismo e no Hermetismo, chama-se Lei de Causa e Efeito, etc.

Trata-se de um princípio universal compreendido por diversas religiões, com diferentes nomes, mas sempre se referindo ao mesmo processo: nossas ações geram consequências espirituais que retornarão para nós em algum momento.

Isto quer dizer que nenhum ato humano, mesmo cometido nos cantos mais obscuros do planeta e longe de qualquer testemunha, passará desapercebido perante o tribunal da própria consciência, onde se depositam todas as nossas lembranças, conscientes ou não e que se projetam, no Mundo Espiritual, sempre de forma límpida perante uma “nuvem de testemunhas”.

Porém, este princípio não se refere apenas ao mal praticado. Ele também atua no bem. Isto é, cada ato bom, generoso, caridoso, altruísta, benevolente que possamos exercer, mesmo no anonimato absoluto, gerará consequências espirituais positivas que, fatalmente, retornarão para nós em algum momento.

Como funciona?

Não sabemos, exatamente, como funcionam as Leis Divinas. Isto é, o seu mecanismo “interno” nos é desconhecido. Sabemos apenas que funcionam e sabemos isso pelo relato de inúmeros espíritos em diversas obras publicadas nos últimos 150 anos e também pela experiência diária dos trabalhadores da espiritualidade que a sentem em seu dia-a-dia.

No livro: Entre a Terra e o Céu (André Luiz/Chico Xavier), p. 59, podemos ler:

“A Bondade Divina nos assiste, de múltiplas maneiras, amparando-nos o reajustamento, mas em todos os lugares viveremos jungidos às consequências dos próprios atos, de vez que somos herdeiros de nossas próprias obras”.

Na página 166:

“A lei de causa e efeito executa-se sem necessidade de fiscalização da nossa parte”.

O que podemos dizer é que a Lei é sábia e a sabedoria divina é perfeita.

Quando ocorre o retorno?

Este é um ponto interessante e que gera muitas dúvidas a respeito da Lei. Protestam alguns dizendo que se houvesse Lei ou se houvesse Justiça Divina, não veríamos, por exemplo, criminosos terminarem suas vidas usufruindo fortunas, enquanto verdadeiros trabalhadores do bem terminam em penúria.

Isto é, para alguns, a Lei do Retorno deveria ser uma espécie de Lei de Talião (olho por olho, dente por dente), ou seja, aquele que comete um crime deveria ser – de preferência o mais rápido possível – castigado por seus atos, ainda na vida presente.

Então, quem pensa assim, tende a ver como injustiça o fato de muitos criminosos passarem impunes perante as leis humanas.

Contudo, é preciso olhar de forma mais ampla.

Nenhum espírito escapa de si mesmo. Cada ato, cada pensamento, cada desejo, fica impresso, para sempre, nos profundos mecanismos da nossa alma. É por isso, inclusive, que muitos romances mediúnicos foram escritos em detalhes, pois quando o espírito se recorda de uma vida anterior, recorda com detalhes que lhe permitem mesmo descrever os diálogos típicos de um dia comum.

Assim, aqueles que cometem crimes podem até passar desapercebidos da lei humana, sempre falha, porém, não poderão fugir da própria consciência.

Após a morte, cada espírito é imediatamente arrastado para a esfera espiritual compatível com a sua evolução, em razão da sua vibração. Por isso, embora seja possível mentir e enganar no mundo material, não é possível fazê-lo no Mundo Espiritual, pois a própria vibração denuncia o estado espiritual de um espírito.

Então, se a Lei não vem de encontro ao indivíduo na vida atual, ela começará a agir logo após o desencarne e poderá se prolongar por décadas, séculos, às vezes, por milênios, conforme os delitos cometidos.

Aliás, os espíritos com quem tenho conversado alertam frequentemente sobre este ponto, dizendo que não devemos nos desesperar por justiça neste mundo (embora devamos busca-la, a fim de termos mais tranquilidade social), pois a Lei é infalível e mesmo o criminoso mais sórdido encontrará, cedo ou tarde, os efeitos de suas próprias ações.

O retorno

O retorno pode nos encontrar em qualquer momento, trazendo as consequências de nossos atos. Se o retorno for positivo, podemos esperar períodos de abundância, paz, prosperidade. Se for negativo, podemos esperar por dificuldades, desencontros, frustrações. O certo, porém, é que ele virá, como um bumerangue arremessado em algum momento.

No entanto, é preciso considerar que Deus privilegia a educação do espírito e, por isso, o retorno aparece sempre que o espírito está pronto para encarar as consequências de seus atos. Além do mais, é preciso não esquecer que estamos também submetidos a outras leis e que todos passamos por provas diversas durante a encarnação.

Uma historinha que ouvi ainda nos meus primeiros tempos de mocidade.

Um rapaz era um bom trabalhador espírita. Dedicado, sincero, leal. Desde cedo esforçava-se no trabalho no bem, ajudando a todos conforme podia. Certo dia, porém, sofreu um acidente, perdendo um de seus dedos. A revolta lhe tomou conta e, indignado, não entendia o motivo do “castigo”, já que havia dedicado sua vida à caridade.

Após meses de inconformidade, a espiritualidade lhe esclarece, dizendo que, em vida passada, fora senhor de escravos, cruel, tendo esmagado o braço de um escravizado num pequeno moinho, já que o mesmo se recusava a trabalhar.

Desencarnado, consciente, arrependido, solicitou o retorno ao mundo, substituindo o delito do passado pelo trabalho no bem. Os anos de dedicação no centro espírita lhe atenuaram a pena, pois ao invés de perder o braço (prova que ele próprio havia solicitado), acabou por perder apenas um dedo, uma vez que seu trabalho no bem produzira modificações em seu próprio caráter e atenuara, até certo ponto, o crime cometido.

É por esta razão que, frequentemente, vemos pessoas boas sofrendo. Hoje são boas pessoas, porém, o sofrimento que enfrentam é apenas o retorno do mal praticado em algum momento na poeira dos séculos...

Conclusão

A Lei do Retorno é inexorável e, por isso, nos convida a reflexão sobre o peso de nossas próprias ações, esclarecendo que, se fizermos o mal, sofreremos o mal. Porém, se fizermos o bem, receberemos o bem. Logo, a matemática é bastante simples: se quero evoluir e viver em paz, preciso construir valores e virtudes, esforçando-me ao máximo para combater as más tendências e exercitando, quanto possível, o que tenho de bom, a fim de que, como espírito, possa evoluir.

Se vivêssemos numa sociedade com compreensão da Lei do Retorno, pensaríamos duas vezes antes de mentir, trair, iludir, ludibriar, prejudicar, atrapalhar a vida do próximo, pois isto fatalmente produzirá consequências amargas que, cedo ou tarde, nos encontrarão.

Da mesma forma, se compreendêssemos este princípio, daríamos muito mais valor a solidariedade, ao amor, a fé, a compaixão, a vida, etc.

Como certa vez escreveu um sábio caboclo: Lei do Retorno: desta, ninguém escapa!

Leonardo Montes

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