Cuidado com o excesso de tolerância

 


Eu tive uma professora que dizia uma frase de muita sabedoria: o segredo da tolerância não é tolerar tudo, mas saber o que tolerar. E acho que ela tinha razão!

Em minha jornada na Umbanda já encontrei pessoas difíceis de serem toleradas e hoje contarei a história de uma delas. Trata-se de uma senhora, infeliz e com o coração conturbado que, por algum tempo, trabalhou ao meu lado.

Inicialmente, aproximou-se de mim pelo elogio: enaltecia-me, colocava-me nas alturas, chegava a me constranger. Como detesto bajulação, fui ignorando e esse ignorar se transformou numa certa mágoa: fui de anjo à diabo, rapidinho...

Com o tempo, passou a falar mal de mim e das minhas entidades para outros médiuns e mesmo para a consulência. Quando soube, naturalmente, fiquei irritado. Fui me aconselhar com o Velho que me pedia paciência e tolerância, dizendo que esta senhora era um elo fraco na corrente e que através dela falavam os inimigos do trabalho.

Respirei fundo e nunca lhe disse nada.
Fingia que não sabia da sua língua ferina e nunca me defendi das calúnias proferidas. Entendi que, se passava por isso, era um aprendizado ao meu espírito e, na força da oração, o tempo correu.

Nos anos que se seguiram, diversas vezes nos constrangeu através de atitudes que não combinavam com o trabalho espiritual que desenvolvíamos. Era orientada com alguma frequência pelas entidades que entendiam que era melhor que estivesse num terreiro sério, mesmo dando trabalho, do que perambulando por aí, sem eira nem beira. Passava tempos trabalhando normalmente, até mesmo de forma elogiosa, para logo em seguida resvalar nos mesmos erros...

No entanto, certa feita, passou dos limites!

A paciência da espiritualidade terminou e chegou o ultimato: ou se renovava ou seria desligada dos trabalhos!

Não aceitou, protestou e negou qualquer envolvimento no episódio vergonhoso que lhe fora assinalado... Prometeu esclarecer o assunto com a chefia espiritual, porém, no meio do caminho, simplesmente se afastou e o fez da pior forma possível: difamando o local que durante tanto tempo lhe acolheu, orientou e – hoje posso dizer – suportou!

Leonardo Montes

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